Poemas : 

O BEIJO DA ARANHA

 
O BEIJO DA ARANHA



Ah! Saudade! Voltaste?
Deveras! Nem percebi
Tua ausência fútil.
Saíste? Foste aonde?
Onde e quando partiste?

Tens uma presença tão constante
Que me confunde entre ausência
E presença tua: Entre mim e eu.
Essa constante intransigência
Entre ontem e hoje foge a razão.

Nunca pedi, nem pediria... Mas...
Um beijo seria demasiadamente
Quente o bastante para acender
Essa desilusão ébria que se esvai...
Não aranha! Não beijo quente!
Bastam-me teus braços, teu abraço.

Em teias e tua teia envolveste eu
Por mais que queira deixar-te eu
Insuporto teu eu, tua ausência eu:
Pornograficamente absorto no eu.

Tua alva pele de macia tez incolor,
Em teus braços abraços de leve tom.
Ao vermelho: lábios trêmulos calor.
Beijo de aranha, ah! Saudade frisson!

Não eu! Mas tu saudade?
Entre idas e vindas se vai...
O beijo da aranha que trai:
Os pensamentos na idade.

Mas vai! E se vá! Quando for;
Volta, e quando voltares, entra,
Porque a casa é sua e sempre será
Seu eterno lar, e o ébrio o escravo.


DGP
The 20 de setembro de 2015
8:52h





 
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