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RicardoC | Publicado: 22/09/2015 12:04 Atualizado: 22/09/2015 12:06 |
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Re: A LIRA E A FLAUTA -- prólogo
Há alguns dias, após publicar o soneto "CHÁ DAS LETRAS" eu mencionei ter escrito essa série de sonetos então denominada "A LIRA E A FLAUTA" no qual eu menciono as musas com "Filhas de Mneme" e não de "Mnemosine ou Mnemósine" como traduzem do grego o nome da personificação da MEMÓRIA. Enfim, motivado pela saudosa lembrança, sacudi a poeira dessas velharias e coloco para vossa apreciação pois, quer Mneme; quer Mnemosine ou Mnemósine; o cortejo das Musas passa recordando essa lenda preciosa da disputa entre Apolo e Mársias.
Espero que acompanheis essa série de quatorze sonetos que, apesar da quantidade, jamais se pretendeu uma coroa ou coisa que o valha. É apenas uma outra história contada com sonetos alexandrinos É isso. Abraços, Ricardo Cunha. |
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RicardoC | Publicado: 23/09/2015 12:05 Atualizado: 23/09/2015 12:05 |
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Re: A LIRA E A FLAUTA -- prólogo
Hiagnis, Mársias e Olimpo
Os gregos situavam a invenção do aulos na Ásia Menor, mais exatamente na Frígia ou na Mísia. No plano mítico, os mais antigos auletas foram Hiagnis, Mársias e Olimpo. A genealogia e o relacionamente entre os três é um tanto confusa, mas as versões mais aceitas sustentam que Hiagnis era pai de Mársias, e que Olimpo foi discípulo de Mársias. O Pseudo-Plutarco (Mus. 1132f) menciona-os nessa ordem. Hiagnis e Olimpo De Hiagnis (gr. Ὕαγνις) conhecemos, praticamente, apenas o nome e sua associação com o aulos e a Frígia (Aristox. Fr. 78). Ele foi, segundo algumas tradições, o primeiro a dominar a aulética (Plu. Mus. 1133e), a arte da música para o aulos. Olimpo (gr. Ὄλυμπος), discípulo de Mársias, era nativo da Mísia e teria vivido pouco antes da guerra de Tróia. A ele eram atribuídas melodias associadas ao culto de alguns deuses, tão antigas que sua origem verdadeira se perdeu. Mársias Mársias (gr. Μαρσύας), filho de Hiagnis, às vezes é considerado um sátiro, às vezes um simples camponês da Frígia, e devoto da deusa Cibele[1]. Seu nome está associado a duas lendas, a da invenção do aulos e à disputa musical com Apolo. Segundo o primeiro mito, foi a deusa Atena quem, na realidade, fabricou o primeiro aulos, unindo dois ossos ocos de veado. Ao soprá-lo, porém, viu seu reflexo na água de um rio, desgostou-se com o aspecto de seu rosto e jogou-o fora de imediato. Posteriomente, Mársias achou esse instrumento e, encantado com os sons que ele produzia, tornou-se um grande virtuose e, tomado pela ὕβρις (ʻdesmedidaʼ), desafiou Apolo e sua lira (ou cítara). As musas julgaram a disputa e concederam a vitória a Apolo, que então pendurou Mársias em uma árvore e depois esfolou-o vivo, para castigá-lo pela pretensão. Xenofonte (Anab. 1.2.8-9) afirmou que a disputa ocorreu na Frígia, em Kelainai, onde nasce um rio chamado Mársias, que deságua posteriormente no rio Meandro. Segundo Heródoto (7.26), a pele esfolada de Mársias podia ser vista ainda nos tempos históricos. Esse mito reflete, possivelmente, a pretensa "superioridade" da arte citarédica, mais harmônica e associada ao culto de Apolo e à Grécia, sobre a aulética, mais agitada e associada à Frígia e aos rituais frenéticos de Cibele. Outra possível interpretação: Mársias era uma antiga divindade ligada à música, suplantada pelos "novos" deuses indo-europeus, aqui representados por Apolo. Fontes e literatura Principais fontes: Hiagnis: Pseudo-Plutarco (Mus. 1132f-1135f) Mársias: Heródoto (7.26), Pseudo-Apolodoro (1.4.2), Diodoro Sículo (3.59), Pausânias (2.22.9), Pseudo-Plutarco (Mus. 1132f-1135f), Filóstrato, o Jovem (Im. 865.5) Olimpo: Platão (Smp. 215c) Na literatura moderna, a disputa entre Apolo e Mársias inspirou poemas de James Merrill (1959), Zbigniew Herbert (1924/1998) e Nadine Sabra Meyer (2002), e uma peça teatral de Tony Harrison (The Trackers of Oxyrhynchus, 1988). Iconografia Mársias era ocasionalmente representado em atitude de surpresa, ao encontrar o aulos abandonado por Atena, ou sentado, tocando o aulos. O aulos encontrado foi tema, pelo menos, de uma pintura de Zêuxis, perdida, e de um grupo de bronze de Míron, que chegou até nós através de cópias romanas de mármore. Mársias pendurado e esfolado foi um tema muito usado pelos escultores, notadamente durante o Período Helenístico. Em Roma, havia uma dessas esculturas no forum (Hor. Sat. 1.6.120), talvez para desencorajar os que pretendiam atentar contra a "harmonia" política do estado romano — mas, curiosamente, era bem ali que as cortesãs romanas costumavam ficar... (Plin. HN 21.3) Olimpo aparecia às vezes ao lado de Mársias, ou como um menino sendo instruído ou, ao lado do mestre esfolado, lamentando seu triste destino. FONTE: http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0193 |
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RicardoC | Publicado: 23/09/2015 23:05 Atualizado: 23/09/2015 23:05 |
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Re: A LIRA E A FLAUTA -- prólogo
Alexandrinos - todo verso alexandrino é dodecassílabo, mas nem todo verso dodecassílabo é alexandrino.Para que um verso dodecassílabo seja alexandrino, deve ser composto de dois hemistíquios, ou seja dois versos hexassílabos (6 sílabas métricas)independentes sendo que o primeiro deverá ter sempre terminação aguda ou grave -jamais esdrúxula. Se for grave, deverá fazer elisão com a primeira sílaba do segundo hemistíquio(verso).
FONTE: http://eusoneto.blogspot.com.br/2010/ ... etos-eloah-borda.html?m=1 |
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RicardoC | Publicado: 24/09/2015 16:15 Atualizado: 24/09/2015 16:16 |
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Re: A LIRA E A FLAUTA -- prólogo
Apolo (gr. Ἀπόλλων) era o deus das profecias, da medicina e da música, também associado ao pastoreio e ao sol. Na época clássica o sol era por vezes chamado de "carro de Apolo" e, talvez por isso, ele tenha sido considerado também o deus da luz e da juventude.
Não há menção segura a Apolo nas tabuinhas micênicas; como na Ilíada ele já aparece bem caracterizado, é provavel que sua origem remonte à Idade das Trevas. Há algumas semelhanças entre Apolo e divindades da Ásia Menor, mas isso é insuficiente para considerá-lo de procedência oriental. Apolo era considerado filho de Zeus e de Letó, e irmão gêmeo de Ártemis. Nasceu na ilha de Delos e a parteira foi ninguém menos que a própria Ártemis, nascida poucos minutos antes. Depois de passar algum tempo entre os Hiperbóreos, no extremo norte do rio Oceano, dirigiu-se a Delfos, onde matou uma serpente, Píton (ou Delfine, conforme a versão), filha de Gaia. Esse mito simboliza a supremacia dos "novos" deuses olímpicos, associados à luz, sobre as antigas divindades ctônicas, associadas à terra. Em Delfos, Apolo consagrou também a trípode, um de seus atributos, onde antes existia um antigo oráculo de Gaia ou de Têmis, instituindo então o famoso Oráculo de Delfos. As respostas ambíguas dadas pela sacerdotiza, a pítia, valeram-lhe o epíteto de Lóxias, "o oblíquo". Apolo era considerado o deus da música e, embora as lendas relatem que Hermes inventou a lira e a flauta, foi Apolo que, tocando-as, levou-as à perfeição. Ele dirigia, no Olimpo, o coro das Musas e a dança das Cárites, suas irmãs, e entretia os demais deuses olímpicos com a lira. Os amores Apolo não se casou, porém teve muitos amores, e praticamente nenhum foi bem sucedido. Apesar de sua divindade e beleza, era sistematicamente recusado tanto por divindades como por mortais. A ninfa Dafne pediu que os deuses a transformassem em loureiro (gr. dáphne) para fugir das investidas de Apolo. Coronis, filha de um rei da Tessália, e Marpessa, filha do rei da Etólia, abandonaram o deus e se uniram a homens mortais. A princesa troiana Cassandra prometeu se unir a ele caso o deus lhe ensinasse a arte da profecia, mas não cumpriu sua parte. Apolo, então, fez com que ninguém acreditasse em suas profecias que, no entanto, eram sempre corretas. Além de Dafne, dois outros mitos relacionam os amores de Apolo com os vegetais: o de Ciparisso e o de Jacinto. Ciparisso, um belo rapaz amado por Apolo, matou acidentalmente um veado, seu animal de estimação. A tristeza foi tão grande que o jovem pediu aos deuses que suas lágrimas durassem eternamente; foi, então, transformado em cipreste (kypárissos, em grego), a árvore da tristeza. Jacinto, por quem tanto Apolo como Zéfiro, o vento oeste, estavam apaixonados, morreu acidentalmente. Ele e Apolo se divertiam lançando o disco, e Apolo atingiu-o sem querer (o ciumento Zéfiro, em algumas versões, desviou o disco de propósito). Desgostoso, o deus transformou-o em uma flor, o jacinto (gr. yákinthos), para imortalizar seu nome. Asclépio Apesar de tudo, Apolo conseguiu se tornar pai. Seus filhos mais conhecidos foram o herói Aristeu, que teve com a ninfa Cirene; o herói-deus Asclépio, nascido de Coronis; Naxos e Mileto, heróis epônimos da ilha e da cidade homônimas, nascidos de Acacális, filha do rei Minos; e, segundo alguns mitógrafos, teve filhos também com uma ou duas Musas. Outros mitos Apolo era um arqueiro excepcional, e suas flechas eram capazes de produzir doenças e de causar morte súbita entre os homens. Embora tocasse "divinamente" diversos instrumentos musicais, era mais comumente associado à lira. Não era um bom esportista, como atestam os episódios de suas disputas musicais com Pã e com Mársias. FONTE:http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0181 |
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RicardoC | Publicado: 25/09/2015 10:57 Atualizado: 25/09/2015 10:57 |
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Re: A LIRA E A FLAUTA -- prólogo
CRONOLOGIA DO CERTAME MUSICAL
Mediante um estudo comparado, identificamos 13 fases do mito (Ver gráfico em anexo): 1. Invenção do aulós por Atena. 2. Aulós imita grito gorgoneano. 3. Deformação do rosto (imagem espelhada no leito do rio). 4. Atena rejeita o aulós. 5. Mársias acha o aulós. 6. Mársias desafia Apolo. 7. Disputa entre Mársias e Apolo. 8. Apolo propõe competir com instrumentos trocados (versão alternativa). 9. Apolo vencedor. 10. Mársias arrepende-se e suplica perdão. 11. Castigo e sacrifício de Mársias por Apolo (esfolamento, escorchamento ou desolhamento). 12. Olimpos, Ninfas, animais das montanhas e outros seres selvagens lamentam, em prantos, a morte de Mársias. 13. Nascente do rio Mársias, na Frígia, encontra-se onde o sátiro homônimo fora esfolado por Apolo (trata-se de uma presença do mito numa explica- ção mitológica da toponímia frígia). FONTE: http://revista.classica.org.br/classica/article/view/77 |
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RicardoC | Publicado: 25/09/2015 14:27 Atualizado: 25/09/2015 14:27 |
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Re: A LIRA E A FLAUTA -- prólogo
Febo ("brilhante, luminoso") era o deus romano equivalente ao grego Apolo, de cujo nome passou a ser um epíteto. Irmão gêmeo de Diana, também conhecida por Ártemis, e também filho de Júpiter com Latona. Personificava a luz, era o deus das músicas, e o mais belo de Roma.
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Febo |
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RicardoC | Publicado: 26/09/2015 19:07 Atualizado: 26/09/2015 19:07 |
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Re: A LIRA E A FLAUTA -- prólogo
Série de sonetos escrita por mim em 1995, A LIRA E A FLAUTA são os primeiros sonetos alexandrinos que publico no LUSO-POEMAS. Eu parei de escrever dodecassílabos há cerca de quinze anos, procurando me especializar no verso heroico e na redondilha maior. Via os alexandrinos como vão virtuosismo e foi com muito esforços que os revisei no afã de torná-los menos rebuscados. Espero que algum sucesso...
A história do duelo musical me interessou então como exercício de imaginação, pois, percebi que mais do que simplesmente recontar os mitos eu poderia propor discursos e poéticas para suprir as lacunas da própria história conservada a partir do originais da antiguidade. Por isso intentei em pôr no lugar de Apolo e imaginar qual foi a canção que ele cantou para virar a partida diante de Mársias e mesmo quais a razões de Mársias para a temeridade de enfrentar o Febo... Por fim, escrevi por achar que a história tal como me foi apresentada pelos mitólogos e poetas não havia dito tudo o que eu julgava digno de interesse. É isso. Abraços, Ricardo Cunha. |