Desumano
Paulo Gondim
21/09/2015
Fiz de meus gritos lâminas frias
Que cortam o triste desalento
Dos injustiçados, dos esquecidos
E em cada grito, um pouco de terror
Para assustar o opressor
Em cada lágrima derramada
Um gesto de bravura
Em cada olhar, nova criatura
Em cada pulsar do coração
Um grito de revolução
Mas percebo a indolência fria
A contumácia dos erros
A vontade afastada, vazia
Falta coragem, sobra covardia
E meus gritos acabam no vazio
Se perdem no campo infértil
Da realidade dura e estéril
Nada muda, tudo se repete
Passam dias, meses, passa ano
E o homem cada vez mais desumano
Paulo Gondim