Estou só - na Praça dos Poetas -
sentado numa mesa, rodeado de vazio,
é dia, há passantes, e eu aqui, entre águas
que me toldam a razão - inda assim - sorrio!
A fachada da igreja é dura e fria,
a água da fonte, solitária, permanente,
meu corpo, um condenado que se via
ante a indiferença desta gente ...
E tudo é breve como os pombos que esvoaçam,
tudo é breve e passageiro nesta vida
como os beijos dos amantes que se abraçam.
Nada é permanente - eu tampouco nesta Praça!
E só no peito, a dor que é ressequida,
vive eternamente como a morte que nos caça!
Ricardo Maria Louro
Pela tarde na Praça do Geraldo
Em Évora
Ricardo Maria Louro