Falava com a propriedade
De quem detinha a verdade
E a certeza do que queria.
De onde vinha, para onde ia!
Impunha-se pela idade
A quem dele tinha a metade
E disso ele bem sabia.
E bem sabia o que queria.
E assim a Arrebatou
Totalmente Fascinou
Quem ainda no seu ninho
Nada sabia da Vida.
Como tenro passarinho
De longe ele a cobiçou
Velho lobo vendo o ninho
Sua sorte experimentou.
Neste mundo tão mesquinho
Qual o tenro passarinho
Que podendo sair do ninho
Suas asas não esticou?
O conto de tão velhinho
Nem precisa de detalhes
Para ser bem entendido
E por todos compreendido.
O Lobo feito Cordeiro
Seu papel bem conhecia.
Tinha chegado primeiro
Às lutas deste terreiro.
Era guerreiro batido.
Experiente e sabido.
Em desafios experimentado.
E em muitos logros provado.
Num acaso viu a presa
E por que não degustá-la?
Era fácil agarrá-la
E ele não tinha pressa!
Seguro em sua toca
Por ele próprio preparada
Ali era Senhor e Dono
Ali...só ele mandava.
E ali mesmo degustava
As presas que ele caçava
Limpando depois o lixo
Quando o festim acabava.
E o seu lixo eram despojos
De seres ainda vivos
Que depois de comidos
Eram depressa varridos.
E desses seres usados
Sem nem estarem descarnados
Ele só queria um bocado
Um momento de pecado.
De pecado porque os bania
Do covil em agonia
Com os membros amputados
E os corpos retalhados.
Deles só comia bocados.
Os mais reles ou requintados.
Para onde a gula o guiava,
Aí... ele se saciava.
Ali, naquele covil
Reinava o instinto vil
Que queimava nas entranhas
Daquele lobo voraz.
De tudo ele era capaz.
Esse ser que nem vivia
Porque nem alma tinha.
Só comia e só mordia.
Sem tréguas, o predador
Nem comia, só mordia.
Porque o que o atormentava
A carne não saciava.
Nem ele podia, infeliz
Ter o que ele procurava
Ele queria poder ter Vida
E como não tinha, matava.
Matava, mas só a alma
Daqueles a quem atraia
Porque queria deixar morto
Todo aquele que vivia.
Maldito e Amaldiçoado!
Da traição, conhecedor.
Estratega, sem um remorso
Infligia morte e dor.
O seu mundo eram as trevas.
E quieto, sem clamor
Aprendeu a ceifar almas
Sem se importar com a dor.
Porque dores, só dos tristes
Que caíssem em seu laço
“Tu? Para mim nem existes
De ti só quero um pedaço!”
“Magoei?! Não faças rir!
Vá, anda, toca a partir!
Nem te quero ver a cara
Quanto mais ouvir carpir!”
O covil fica na esquina
De uma qualquer rua normal
O lobo não busca a menina
Ela é que vai ter com o mal!
(Por Ana C.)
Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.
*Mário Quintana*