BALADA EM PECÚNIA
Porque senão ouro de ourives,
Tampouco soldo de soldado...
Quer na féria; quer no feriado,
A prata fácil de que vives,
É paga de quem nada tem.
É oferta de quem tem nada
A mísera moeda deixada
Pelo coitado que a ti vem.
Depois de andar de déu em déu
Por uma morada no céu.
Se teu salário de operário
Levanta palácios de reis,
Já te crês acima das leis
Pelo serviço extraordinário
De realizar a obra de Deus...
Sem embargo, toda essa gente
Arrebanhas indiferente,
Mas para maior glória dos seus!
Depois de andar de déu em déu
Por uma morada no céu.
Se uma luz pode ser vendida
Tudo alcança se prometendo...
Apesar do esforço tremendo
De evitar ao longo da vida,
Pelo álcool, um voraz emborco:
Noitadas de farra, mulheres
E outros ilícitos prazeres...
Conquanto coma como um porco!
Depois de andar de déu em déu
Por uma morada no céu
Tudo compra -- até esperança! --
O dinheiro a Deus em confiança...
Depois de andar de déu em déu
Por uma morada no céu.
Belo Horizonte - 25 08 2015
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.
Baladas 1994 - 2015
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