“Mais de duas mil mulheres foram violentadas na Sérvia, durante a guerra” Noticiário dos meios de comunicação, em dezembro de 1992.
ENTÃO...
Nasceu este poema de dor, de revolta, mas, acima de tudo, um poema de Esperança, de que um dia, a Humanidade encontre o seu verdadeiro Caminho, onde a Mãe Vida não venha encontrar os seus Filhos violentando a sua própria Condição Humana, através da “guerra”:
MULHER...
A vida te fez frágil,
Embora teimas em pareceres
Forte.
A inteligência humana
Te coloca num estranho papel.
Que desempenhas com bravura
Em todas as culturas
Dos diferentes povos do mundo.
Não importa onde nascestes:
- tua cor, tua forma, tua educação –
É com dor que nasce
A tua Consciência.
E é com Dor
Que fazes nascer teus filhos.
Se podes, ensina-lhes a rezar
Para o Deus que aprendeste
A conhecer.
Se podes, ensina-lhes o amor Cristão.
- Que os faz solidários
E que os humaniza.
E, quando te permitem,
Ensinas aos teus filhos
A dignidade que um Ser Humano deve ter.
No entanto – Mulher –
Alguns filhos mal nascidos
E mal amados;
Alguns filhos paridos com a semente do ódio,
- inventaram a guerra.
E, quando soltam as amarras
Desta besta maldita,
Novamente és capaz
De suportares a dor e a humilhação...
Quando vês teu filho,
Teu irmão,
Teu pai e
Teu marido
Fazerem da guerra
Motivo triste
Para transformar-te
- Mulher –
Num mero objeto
Numa coisa destituída
De sentimentos e de dignidade.
Invadem teu lar...
Invadem teu corpo...
Depois, se vão.
E tu ficas,
Olhando estas feras.
E te perguntas se o destino
Do teu Filho
Será sempre o mesmo.
E tu ficas,
Com lágrimas nos olhos
E no coração.
Só tu mesmas sabes
O quanto acarinhaste o teu Filho
Para torná-lo
Um ser “humano”
E pacífico.
E sabes que continuará parindo
- com dor,
- com amor,
- com esperança.
Pois, o teu Deus
- Mulher –
Fez-te pequena,
Mas fez-te forte.
O teu Deus
Deu-te Coragem.
Para continuares acreditando
Que o Filho do teu Ventre
Nasceu para ser forte
Sem ser violento...
Nasceu para ser grande,
Sem ser ignorante...
E nasceu para ser digno
Da VIDA,
Que,
Em ti – MULHER –
E através de ti,
Ainda se perpetua.
SALETI HARTMANN
CÂNDIDO GODÓI-RS (1994)