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Horas perdidas

 
Tags:  tempo    mar    ciencia    INTUIÇÃO  
 
Entre duas terras, acima das nuvens, perdia-se em pensamentos. Que significado tinha o tempo? Tinha saído numa hora e chegaria seis horas depois... e o voo eram só quatro. Que foi feito das outras duas horas da sua vida? Magicava nestas coisas para passar esse tempo relativo, para fingir não aceitar, como respostas às suas questões, os factos científicos e teóricos dos homens inteligentes. Ela própria acreditava nas teorias da relatividade e outras semelhantes que brincam com a massa, a energia, a velocidade e também com o tempo. Ela também tinha feito intervalos de tempo na sua vida para entender enormes demonstrações matemáticas e físicas. Se tinha optado pelas ciências como podia ser tão instintiva? Porque acreditava nos seus sonhos e na sua voz interior, que só ela ouvia? Por vezes dava consigo afirmando para si própria, que ela própria, era uma contradição entre a inteligência racional e a intuição.
No meio destes pensamentos dispersos decidiu que aquelas duas horas não as poderia perder. Então inventou um sonho que durasse duas horas, apesar de o sonhar em minutos.
E viu o verde profundo. E do verde profundo saiu um ser negro, anfíbio, que saltou para o barco. Tirou os óculos e soltaram-se uns olhos de um verde profundo. Despiu o negro e apareceu um corpo dourado de sol. Ouro sobre verde... Deslumbrante! Olhou-a e sorriu ao ver o seu ar espantado. Olhou o seu corpo pintado do sangue do sol e o seu cabelo solto ao vento do mar. Olhou os seus olhos escuros e profundos como o fundo do mar, de onde tinha saído.
Baixou-se, na sua frente para apanhar uma concha que tinha caído e os seus dedos tocaram suavemente nos seus pés, descalços. Agarrou-lhe na mão e depositou nela a bela concha. Ela fechou a mão como se guardasse um tesouro precioso. E era. Era precioso para os dois. Olharam-se e íam beijar-se...
Já não havia tempo...
As duas horas tinham acabado. O sonho também.
Estava a chegar à terra de destino. Aí, na sua terra, o horário era normal.



 
Autor
MariaSousa
 
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Enviado por Tópico
Semente
Publicado: 14/09/2015 18:54  Atualizado: 14/09/2015 18:54
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
Localidade: Ribeirão Preto SP Brasil
Mensagens: 8560
 Re: Horas perdidas
Excelente texto metafísico, querida Maria e também claro e sucinto. O assunto, Tempo, é muito amplo e relativo e requer muito "espaço" e "tempo" para filosofar sobre ele .srrsrs
Mas é apaixonante pensar que a imaginação pode criar um sonho.
Muito bom

Abraços!!

Enviado por Tópico
Ro_
Publicado: 14/09/2015 21:18  Atualizado: 14/09/2015 21:18
Membro de honra
Usuário desde: 25/09/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3985
 Re: Horas perdidas

Adorável!
Eu amei ler, poetisa querida!
Um beijinho!


*-*

Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 15/09/2015 08:50  Atualizado: 15/09/2015 08:50
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8483
 Re: Horas perdidas
Se os sonhos fossem reais, pediria tempo ao tempo pra que o sonho da personagem do texto não acabasse.

Lindo texto, apreciei a leitura.
Abraço!
upanhaca

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 16/09/2015 15:15  Atualizado: 16/09/2015 15:15
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4047
 Re: Horas perdidas P/ Semente, RO e Upanhaca
Muito Obrigada, Amigos!

Por vezes também gosto de escrever umas "historiazinhas".

Beijinhos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/09/2015 14:19  Atualizado: 21/09/2015 14:19
 Re: Horas perdidas
Temopos que não se opoem nas essências da realidade imaginarias que acionam nossos sonhos naquelas bela horas que nossas mentes dormem.