As imagens não desvanecem na retina,
ainda me lembro com alguns detalhes
que esse tempo inexorável respeitou.
Lembro de você, ainda quase menina
mas de porte gracioso, gentis os talhes,
encantos que nestes anos só ampliou.
Seus olhos verdes, os cabelos escuros,
em harmonia com o corpo bem ajustado,
sorrisos rasgados e o doce jeito de ser.
Despertou-me desejos talvez impuros
que contive e abafei, restando enlevado,
um terno e doce sentimento a florescer.
Amei você mesmo quase menina que era,
uma platônico amor que julguei sem fim,
tantos momentos de êxtases supremos.
Foi como encantos de uma primavera,
que vi o tempo passar naquele jardim
aonde tantos enlevos de amor vivemos.
Por que jamais foi minha, um dia partiu,
buscando saciar os desejos incipientes
e iniciei o caminho por estradas escuras.
Restaram desejos, de um sonho que ruiu,
poemas tristes com versos tão dolentes,
apenas imagens dum tempo de venturas.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.