A matemática, de forma magistral, nos brinda com estudos brilhantes e empolgantes, neste sentido nos deparamos com o universo magnífico da Análise Combinatória.
As diversas situações do agitado cotidiano nos arremetem para vivências práticas desse conhecimento científico, sejam por meio de: Combinações, Arranjos ou Permutações.
Em nossa volta é comum observarmos ocasiões em que o referido estudo é utilizado como ferramenta, exemplos: os arranjos das placas de nossos carros que circulam em todas as cidades deste imenso país; os nossos números de telefones; os números de documentos pessoais oficiais; e os desejados números sorteados nos diversos concursos de loterias da Caixa, por meio do conhecimento de combinações numéricas.
O final de cada ano vivido por nós é sempre um momento especial: festas natalinas, passagem de ano novo e a participação ansiosa em uma brincadeira inocente e gostosa chamada “amigo oculto”, fazem parte do contexto festivo.
No caso do “amigo oculto”, por meio de permutação de papéis escritos com os nomes dos participantes, são acomodados dentro de uma caixa e cada um puxa o seu, e para espanto: Epa! Tirei o meu nome! Então de forma alegre o participante recoloca o papel e tira outro.
O fenômeno relatado no parágrafo anterior a matemática trata como uma quebra no princípio básico da permutação simples e denomina essa anomalia de “Permutação Caótica”, pois naquele momento não é mais possível se permutar, resolvendo-o de forma elementar, apenas devolvendo novamente o papel para a caixa.
Pois bem, o termo “Permutação Caótica”, reflete de forma sábia, oportuno, coincidente, com o atual momento vivido por nós brasileiros, onde poderíamos tranquilamente classificar até de forma eufêmica como “caótica” a nossa situação, analisada sob qualquer ponto de vista.
No campo da Gestão Administrativa o descalabro é abissal, o desrespeito aos princípios básicos da Administração Pública é a bandeira do momento, turbinado com o malefício devastador da corrupção e muito bem rematado com: a falta de vergonha, de princípios éticos e morais; e da impunidade; tão bem caracterizados e materializados, pelos alarmantes e volumosos exemplos de patifarias veiculados corriqueiramente pela imprensa e constatados pelas instituições de Controle, Policiais e Judiciais.
Na seara dos poderes constituídos o caos é institucionalizado, o Poder Executivo amasiado com o Poder Legislativo: humilham, arrebentam, pisoteiam o povo, devastando toda e qualquer perspectiva de esperança e de desenvolvimento, e essa aliança e anuência desses dois poderes, provocam: a inapetência, a incongruência, a leniência, a incompetência característica do poder restante, qual seja: o Judiciário.
A confusão aumenta quando olhamos para o campo político, um verdadeiro valhacouto, onde a tão sonhada permutação de ideias, de políticas públicas voltadas para o benefício do povo, de servidão ao povo, ficam somente nos campos do desejo e da imaginação corroborado com um sistema político perverso, nefasto, voltado exclusivamente para a “Permutação caótica” na sua essência, haja vista, que os políticos sempre torcem para que os papeizinhos sorteados pelas urnas sejam sempre os mesmos, no caso os seus próprios nomes.
A bagunça se reflete, inclusive, quando se tenta quebrar a “Permutação Caótica” eleitoral por meio de um instituto legal chamado “impeachment”, produzindo um apogeu de manifestações de ideias, que na verdade, apenas servem para emergirem os mais diversos matizes ideológicos; proporcionando, pois, um resultado nebuloso, duvidoso, talvez não muito diferente do vivido atual, onde aves de rapina conhecidas, verdadeiros abutres da velha política, estão de olhos atentos para estraçalharem as carcaças da carniça, esperando o “gran finale” para botarem seus nomes nas caixinhas e esperarem que a “Permutação caótica” recaia sobre seus próprios nomes.
Permutando a linha de raciocínio e chegando perto do parágrafo derradeiro, falo do povo; que lamentavelmente alimentou raposas velhas da nossa política por várias décadas, por vários mandatos legislativos ou para cargos públicos, patrocinando a triste, desesperadora e apavorante situação que nos encontramos, pois ao longo dos anos chancelou por inúmeras vezes que a “Permutação caótica” acontecesse sempre sobre os mesmos papeizinhos tirados das urnas, curvando-se e aceitando a famosa situação de cabresto, submetendo-se ao voto por um saco de cimento, por um emprego para um parente, ou pior, por um prato de comida e o transporte no dia da eleição.
Ultimando, pois, acredito ser importante que saiamos às ruas, que mostremos ser capazes de mudar esse jogo, valendo-nos de: consciência política; mansidão e serenidade das ideias cristãs e justas; convicção e conhecimento de mecanismos Constitucionais - como os Projetos de Lei de Iniciativa Popular -, tão poderosos e eficazes; contribuindo assim para que o ciclo da “Permutação Caótica” seja quebrado e banido para sempre do caótico e corrompido quadro político de nosso país.