Uns doces bocados dessa tua alegria,
Salivando minha boca que te procura
Aplacar de minha vida toda a amargura,
Vens em sonho, bem como eu queria.
Encantado nesta brincadeira de roda,
Minha doce criança, moleca e levada,
Redesenha-me a face sisuda, fechada,
Rindo alto dessa prudência que me poda.
Da tinta cinza que descolore meus dias,
Traças no chão teu céu de amarelinha.
Como fosses aquela menina franzininha,
Ainda escondendo as travessuras que fazia.
Mas se notas minha expressão de desejo,
Percebes que a criança agora é crescida,
Que já pôs a girar esta máquina da vida,
É hoje um deslumbre a imagem que vejo.