Multidões de pessoas vagam pelas imensas planícies alagadas do universo. Massas polvorosas, legiões de caricaturas humanas viajam em naus vagantes em busca de terra firme. Povos que se digladiam em luta disforme, injusta, descompensada de tudo, sucumbem aos desejos básicos de humanismo, de necessidade cristã, de civilidade, de equilíbrio, de cidadania.
Multidões sem rumo objetivam um território, trazendo como consequência um torrão, um rincão, que outrora negado de suas origens, renasce, resurge, acende a tocha da presença de um gentílico, ou seja, vinga um Estado e, por fim um produto tão desejado chamado Pátria.
Esse atiramento no escuro das discrepâncias mundanas, caracterizadas por ausências cruciais de virtudes tão caras, porém, essenciais a qualquer processo de colonização de lugares e consequentemente de participação de pessoas ou grupos de povos, materializam situações modernas e ininteligíveis, forçando a atitudes temerárias e desprovidas de qualquer nível de sanidade, tudo em detrimento da conquista de liberdades de toda e qualquer conotação.
Deus, Soberano do universo, cataloga e controla todas as movimentações de seus filhos, observa sentimentos tão nefastos entre eles, mostra-lhes caminhos e mais caminhos desenfiados para fugirem de todas as tentações, no entanto, eles se mostram viciados, empenhados, convencidos de que outros rumos são e serão mais vantajosos, mais compensadores.
Deus, então, lhes solta as amarras, oferece-lhes todas as agruras, benesses, futilidades; serve-lhes em bandejas douradas os vícios da loucura, a doce sensação da riqueza inescrupulosa e apimentada pela disfunção de uma psique frágil; incentiva a disputa acirrada e adimensional de virtudes, patrocina então, a pseudo independência de nações, de legiões de povos espalhados por esse infinito universo.
Os aglomerados de povos espalhados pelos torrões áridos; pelas planícies gélidas; pelos vales desenvolvidos de progresso; pelas montanhas ricas de minérios; pelos campos intermináveis de petróleo; pelos rincões infinitos de desejos de felicidades; se constituem no mosaico de nações conhecidas e badaladas da aldeia global reinante chamada terra.
Várias então são as megalópoles formadas por esses povos, que fincados em seus rincões lutam freneticamente para transformá-los sempre nos mais desenvolvidos, ricos, prósperos, tecnologicamente superiores, e tudo isso se constituem nos indicadores perversos separatistas, fonte inesgotável de segregação, tão fartamente denominados de nações ricas, desenvolvidas, em desenvolvimento, pobres e miseráveis, trazendo como produto final o conflito, a desavença, a guerra.
O balé precário e carente de uma melodia digna desenvolve-se nos mais diversos e insanos palcos, apresentado para uma plateia de pigmeus de mente, de míopes da visão congruente, ungidos em óleos de cegueira, de pequenez de ações, de uma avareza formidável e porque não dizer invejável.
O cenário então é montado em cima de episódios macabros, protagonizados por atores possuidores de uma psique desvirtuada, alimentada e rica de desvios de conduta, não permitindo que outras opções surjam no horizonte infindo, consequência imediata: movimentações de massas gigantescas na direção da Rosa dos Ventos, provocando verdadeiros massacres de virtudes e laureando as faces cinzentas do malogro, do horrendo, do desprezível sentimento que causam as guerras, das mais variadas naturezas, se tornando injustificáveis tanto no intento quanto na execução.
Os desvios, então, surgem como ervas daninha: intolerância; defesa de riquezas; garantia de fronteiras; soberania; apologia à guerra deflagrada; confusão mental de governantes e todo um rol de iniquidades, de desfaçatez, que nos impede enumerá-los todos.
Deus, incansavelmente então, despacha legiões de anjos para todas as nações; nos fala por meio da Sabedoria Divina não compreendida por nós, ou pelo menos assim fingimos não compreender, e esses anjos começam a cumprir suas missões: uns falam para as multidões desorientadas; outros trabalham incessantemente em obras de convencimento; outros ainda medeiam conflitos espalhados pela aldeia terrena; todos enfim, com um único propósito: falar-nos que temos de nos amarmos, nos unirmos, nos ajudarmos incondicionalmente, mas todo esse esforço se esvai e se canaliza para o ralo da intolerância, do desamor...
Então um desses anjos caiu no mar, lutou para se salvar, mas ao morrer ele mostrou ao mundo que valeu a pena ter morrido. Deus esplendorosamente bateu superlativamente forte em todos nós, nos espancou de maneira brutal, fazendo aflorar o óbvio, a sensatez, o amor e o respeito entre os povos, nos mostrando que não há lugar para o conflito, para a mediocridade das mentes descompensadas, que somente os sentimentos Divino e Cristão serão capazes de promover a tão sonhada, perseverada e esperada PAZ e, assim surgiu um anjo no mar.
O POETA ELE SE SENSIBILIZA, SE MARTIRIZA E CONFESSO QUE A IMAGEM DAQUELE ANJO SÍRIO ENCONTRADO EM UMA PRAIA TURCA É DIFÍCIL DE SAIR DE NOSSAS MENTES. ESCREVI ENTÃO ESSE CONTO TRISTE, BASEADO NA DURA REALIDADE DAQUELE FATO.