Às vezes tu dizias: Minha E.L. dos olhos verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.
Já gastáste as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurares o meu nome
no silêncio do teu coração.
Não tens já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já me disseste: as palavras estão gastas.
Adeus
E.L.
2007/20//12
E.L.