Entre cacos e cinzas planto uma semente,
Espero a chuvada que regue o solo árido.
Chorando a alegre agonia de ser gente,
Seguindo em frente como num dia cálido.
Travo com as ilusões uma luta terrível,
Saio ferido, arrastado pelas realidades,
Queria viver no mundo falso e aprazível,
Dos devaneios, mentiras, meias verdades.
Um dia ainda mudo pra dentro de um poema,
Um soneto, desses que o amor é o tema
Daqueles que escrevo olhando teu rosto.
Mas eu sigo ainda vivendo a contragosto,
Neste mundo de veneno e do fel imposto,
Ansiando pelo abrir de minhas algemas.