Dos males que a vida, por vezes
impotente devora em meu corpo
resta somente buscar na enfermidade
do tempo
a cura possível
sem mais padecimentos
nesta epidemia onde enfermo
o corpo regurgita em cada segundo
deprimidos risos
escondidos numa célula
que prolifera nesta química activa
em excursões perniciosas
e vagabundas
qual sacrifício que se apressa
numa esperança que vive silenciosa
Até chegar por fim a cura
na insanidade desta solidão
onde pleito e me ressuscito cada dia
administro-te as fracções de uma cura
mais paciente
usufruída gota a gota em intervalos
de uma feroz convalescença que
de amor desesperadamente
toda a existência nos incita
Não sei mais curar a solidão
Não sei como revigorar a esperança
Nem sei mais com veemência
se nesta colectânea de poemas
ainda irei resguardar o remédio
santo
quando o dia adoece incapaz
ou se vislumbro na farmácia
do amor o elixir
onde sei posso e levito
revigorando-me entre tuas
explícitas revelações
onde brota cada milagre derradeiro
perfumando nosso céu em azuis
infinitos no tempo que resta tão invicto
Nem sei mais se são estas mágoas
passageiras
sobre os efeitos secundários
ou o medo
injectado nas veias ardendo
recobrando depois em teu colo
em delírios e excessos de vida
pois o tempo
a seu tempo…sorri, envenenando
de vez a morte sem mais arrítmias
ressuscitando-nos de vez a cura
em cada acto de vida emanando
do amor que é a nossa
imensurável sutura
FC