Na noite errática da montanha a tempestade dos sonhos ruge, troam os gritos dos mutilados espezinhados pela fúria da dor e a raiva explode dilacerante.
Os andrajos e farrapos vomitam sangue das feridas trespassadas por raios de loucura apocalíptica vertendo humores na terra negra, peganhosa de sangue, lágrimas e lama.
E os fantasmas dançam aos ritmos da metralha indiferente zunindo nos espaços e nos tempos da morte que se esgueira trôpega e ébria pelos vales malditos da discórdia.
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Meu corpo gelado na inércia do medo sobressalta-se em espasmos de dor; meus olhos rolam o terror feroz, a minha boca seca-se e lamuria sons incoerentes de puro drama e balbucia a cobardia da fuga.
Frio, morte, trovões, relâmpagos... O mar é um poço de monstruosidades, sem fundo, tão negro como a noite, que fustiga as fragas que choram lágrimas de sal em minha face dorida.
Morro, gemendo de pânico patético, na troça de bobos e de prostitutas, noivos gerados pelas guerras vãs. Minhas mãos desistem e pousam a pena e as penas se me negam prostradas.
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Voo no breu da noite, imortal de alma, sem matéria que defina um corpo sequer. e uma outra alma voa célere clamando meu nome e me toca quente, me despertando no beijo e no sussurro da manhã que vem: "Acorda, meu amado! Em meus braços, Amor!"
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Bom dia, Morte, minha noiva prometida! E a tormenta se esvai ferida e vingativa...