Muitas vezes os monumentos parecem de paz,
Talvez tragam lamentos mudos,
Talvez palavras e gestos sangrentos,
Talvez até a própria paz!
São sempre ricos e cheios de glória.
Sempre gritam à história de um povo
Num corpo de bronze.
Qualquer dia desses ergo um monumento.
Não um monumento ao que é grande.
Sim um monumento incompreendido.
Um monumento de barro e sangue.
Um monumento de pedaços de jornal velho,
Um monumento de ossos e ouro,
Um monumento coberto de folhas de outono,
Um monumento úmido,
Porque traz lágrimas,
Porque traz tristezas e alegrias,
No choro e no riso,
De heróis e bandidos.
Há quem diga que não há praças
Nem história para o meu monumento.
Há os que farão com cuspe e violência
O fim do meu monumento.
Há os que farão sorrindo o ridículo
Do meu monumento.
Com certeza a neve de inverno
Mutilará o meu monumento.
Cobrirá com um manto frio
O sangue e o barro.
Com certeza o sol de verão secará
O pranto do meu monumento.
Talvez a inocência de pássaros e crianças
Faça fim à história do meu monumento.
Mas, não importa que destruam.
Ou mutilem o meu monumento,
Sempre que me der vontade,
Ergo um monumento sujo e incompreendido.
De sangue e barro,
De osso e ouro,
De pedaços de jornal velho,
Coberto de folhas de outono.
1974