À ESPERA QUE AMANHEÇA
Cravo o olhar no horizonte
Querendo perscrutar o outro lado das palavras
Deixadas ao abandono…
Finco os pés neste chão onde pertenço
Voo nas asas sublimes da imaginação.
O vento adormece-me os sentidos
Cola o desejo às margens do meu corpo…
Como duas estacas
O presente e o futuro, estátuas de sal
Embalam-me o pensamento…
A chuva trancada nas nuvens, rola agora
Inundando os degraus que conduzem
Ao teu céu…
Que tudo continue assim, e as palavras
Permaneçam de pé!
Que o sorriso inunde os corpos
O sonho não tenha mais fim…
Que a música se misture com as vozes
O canto se ouça na imensidão do mar,
O eco se prolongue pelas avenidas…
Que a agonia rasgada em pranto no olhar
Termine ao fim do dia,
Alma renovada em círculos inebriantes de luz
À espera que amanheça, antes que seja tarde…
Manuela Matos
Do livro "As cores do... silêncio"
Escrever é uma terapia...