O BARQUEIRO
Aquele que morreu antes de nós,
Sabe onde se atravessa o largo rio:
Alvas névoas nas águas onde o frio
Enregela até a alma e embarga a voz.
Dizem que esquecimento há logo após
Se alcançar a outra margem quando o fio
Da vida for cortado ao desvario,
Que ainda assanha às parcas vãs e sós.
São poucos -- muito poucos -- os que viram
E após voltaram para nos contar
Da luz esbranquiçada do lugar.
Pois, quantos do barqueiro já ouviram
Guardam o óbolo para a travessia,
A lhe pagar a viagem algum dia.
Contagem - 28 08 2015
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.