Me vi no meio do nada,
vagando sem qualquer destino.
Voz na garganta, entalada,
sinto minh'alma cansada,
perdida, tal qual um menino.
Me vi numa estrada vazia,
o sol, na cabeça, escaldante.
Sozinho, sem ter companhia,
no peito, saudade vadia,
que teima em doer, todo instante.
Me vi, pela noite, com frio,
a lua, de mim, se escondeu.
O vento me traz o assovio,
no corpo, um tremor, arrepio,
novo dia que nasceu.
Me vi, novamente, seguindo
em busca do meu coração.
Por toda a vida fugindo,
pra mim e pra todos mentindo,
flertando com a desilusão.