Foge-me a mim agora a curta vida
Perdido num local que chamam escola,
Foge o tempo diante destes olhos
Sem tão pouco saber se vale a pena.
E passam dias, passam de rotina
De vil tristeza e fétida prisão.
Será que alguém ergueu esta prisão
Que tira à juventude o bom da vida,
Presa aos toques diários da rotina?
Que saudades da rua enquanto escola,
De escrever numa lousa e com pena,
De até ficar com lágrimas nos olhos.
Proibidos, já não choram os olhos;
Obrigados, entregam-se à prisão;
Burocratizados, ninguém tem pena.
Reino espartano, carrasco da vida,
Que não deixas amar o templo escola
Cego por não fugir desta rotina.
Aulas, aulas, sem furos, vai, rotina,
Não quero, já não quero, choram olhos.
Estou farto, não quero mais a escola.
Livrai as criancinhas da prisão
Ó vós que não tivestes uma vida,
E não sabeis agora o que é ter pena.
Erguei-vos todos vós que amais a pena,
Lutaremos assim contra a rotina,
E gritemos, poetas, viva a vida.
Que a escola seja vista de outros olhos,
Que se abram os portões, que se abra a prisão
E saudades todos tenham da escola.
Liberdade, ministra desta escola;
Erguida em Atenas, só, sem pena,
Com Sócrates e sem qualquer prisão.
Então aprender seria uma rotina
E o saber seria o riso dos olhos,
A vida uma escola a escola uma vida.
Acordarei do sonho e tenho pena
Que amanhã voltarei a esta rotina
Melancólica da escola e da vida.