Quando caiu a noite fria a roupa do varal beijou a areia molhada, esborrifando nos livros abertos. Robinson Crusoé ainda vivia numa caverna nas montanhas fazendo das peles das cabras o catre e as vestes. Poderia viver debaixo de árvores, prometendo mundos e fundos de brocados e tecidos para que as sextas feiras fossem mais alegres e fortes. Inobstante os apelos do arcanjo, cada leão rugiu separadamente enquanto as canetas escreviam mais uma página daquele livro.
Atrás do autor a esposa contempla mais um por do sol permeado de alvissareiros sonhos, mas sem feijão na panela. Porque há horários de angustias quando os gênios perturbados esquecem as ricas criaturas do deserto mesmo sabendo que existem cáfilas a serem orientadas. Mas a vela queima assim mesmo em nome dos senhores exaltando os habitantes e reconfortando os desvalidos.
A viúva bem sabia que não havia mais esperança. E também não queria mais alimentar o coração. Novamente não faria. Tinha certeza, mas não conseguiu. E foram alimentar os leões. 24.08.2015