Porém maior receio me assaltava,
Na reticência auspício triste vendo,
Que na expressão talvez não se encerrava.
— “A esta hórrida estância, descendendo
Do limbo, pode vir quem só padece,
A esperança”, — inquiri — “toda perdendo?”
A Divina Comédia - Inferno - Canto IX
Ó [ser]incréu amaldiçoado que ousa chamar o pródigo d'enganador!
Solerte vigília, não deixaremos que teu olhar rápido possa penetrar
nas profundidades dos corações consagrando emergente vingança.
Tua raiva é a ira violenta, sangrenta nuvem d'ódio cobre-te a testa,
mas a tua emoção nunca romperá o segredo jamais compartilhado.
Podes debalde, atirar para nós tantos quantos [teus]olhares irritados,
vives num submundo temido, [és] infausto ser jazido na noit'eterna.
Fomos todos nós ameaçados pelos rugidos e grunhidos dos porcos,
na rede de mentiras definhando ao som terrível da matilha latindo.
Fomos forjados e amadurecidos nas entranhas d'um Etna fornido
de rocha derretida arrotando às trêmulas nuvens chamas sulfúricas,
sublimando o que expeles da boca fétida, forno da palavra maldita.
Que vagues [vil] na floresta da noite sagrada pálida de luzes cintilantes
quedes envolto n'espessa neblina dos vapores do mármore fundido.
Ó anfitrião das sombras! Restará para ti o Silêncio da Paz tão hiante.