Mar...dos meus sonhos
Onde sereno a minha alma,
Quando vagueio meus olhos
Sobre a tua imensidão luminosa
Na acalmia do teu murmurar!
Encontro em ti, na brandura das tuas ondas,
A inspiração para o meu poetar,
Faço versos das tuas melodias
Cantadas pelo teu suave marulhar!
Ah...Mar dos meus encantos,
Que tanto acalmas a minha nostalgia
Nas horas tardias da minha solidão,
Tanto me apavoras na tua brutalidade,
Quando te revoltas contra tudo e todos!
Tornas-te tormentoso e assustador,
Privas gentes do seu trabalho,
Destróis os meios de sobrevivência dos homens,
Apavoras no teu terrível gritar,
E nos amplexos sem compaixão
Com que envolves
Aqueles que labutam nas tuas águas,
Arrastando-os para o teu ventre asfixiante!
Ah...Mar és simbiose de acalmia e tormenta,
Queres pôr à prova a coragem dos homens,
E torná-los heróis,
E tantas vezes, heróis de vida perdida!
Poderias ser sempre sereno, mar,
De que te serve essa raiva desmedida,
Se todos te respeitam
E sabem da tua valentia, mar...
José Carlos Moutinho