Manuela, no baptismo...
Dolorosa, lá na cela...
Madre, na comunidade...
Periquito, na janela...
Tantos nomes te chamaram!
Tantas coisas te fizeram!
Muito mimo te tiraram!
Muitos ralhetes te deram!
Ainda me lembro... Se lembro!
Quando chegaste pequena
Cor de rato assustado
Alta, magrita, morena...
A olhar para a «caserna»
encostadinha à parede
A pensar na fofa cama
que ficara em Cabo Verde...
Quando chegavam saudades
em dias de mau humor...
gastavas os teus quinhentos,
em pastéis da Benamor...
E se nas estantes punhas
um dedo da tua mão
parecia até que passava
por lá algum furacão!
Quantas coisas tu fazias!
- E ralhavas sem razão...
Mas, Manuela, se sorrias
acalmava a discussão...
E porque alguém te dissera
que tinhas dentes catitos
passavas horas ao espelho
a fazer olhos bonitos...
Mas, eras boa pequena!
... E tinhas bons sentimentos!
A toda a «malta» estendias
a lata dos mantimentos...
Agora que vais partir...
Como eu outrora parti...
Tenho saudades Manuela
Tenho saudades de ti!
Maria Helena Amaro
(Dedicado a uma colega)
1958