Trago no meu peito a solidão
como um barco sem ter porto
à deriva no mar alto,
trago ao peito um coração
foi ferido, quase morto
foi tolhido num assalto.
Quando um dia amei alguém
porque o fiz ainda não sei
foi loucura ou talvez não,
como um barco que não vem
como as rosas que não dei
tudo ao vento foi em vão.
Foste o meu primeiro amor
um amor triste lembrança
no raiar das madrugadas,
foste a minha grande dor
desses tempos de criança
uma esperança mal amada.
A saudade vai a monte
vai a monte a solidão
tua ausência, meu martirio,
meu amor talvez te conte
que dentro do meu coração
dessa dor nasceu um lirio.
Ricardo Maria Louro
Em Terena do Alentejo
Para a fadista Joana Rios.
Ricardo Maria Louro