Te quis, te desejei, me desesperei, e entretanto os ponteiros não pararam e o meu tempo urgiu em urgências quentes e languidas. Para ti um esperar para honrar para mim um compasso de desespero. Não se pode pedir a uma mulher que aguarde a quarentena da nossa inquietação. Inquietude que docemente mantiveste acesa e me conduziu a procurar noutros o que é teu por direito desde a pré primária, altura em que candidamente uníamos mãos entrelaçando os dedos pequeninos como se nos pudéssemos desintegrar pelas pontas, para integrarmos um só corpo, uma só alma. Assim, o teu despertar em mim, me deixa, com vontade da união de outros tempos, os tempos da descoberta. Recordo um olhar claro como um rio calmo e transparente por onde cardumes de pequenos peixinhos fluorescentes se movimentavam, agitando as águas do meu coração ansioso. Anseio então alcançar esse sonho de antes, esse integrar-te em mim, desintegrando-nos pelas pontas, unindo almas e corpos num só, e contigo ou sentigo permanecer tua. Por isso meu amor, meu amigo, meu querido, não me abandones à má fé alheia ou me retires a fé na chegada do dito momento ansiado. Também não coloques cinto de castidade na espera que não nasci para ser freira, e simplesmente sou ateia.