Caminhavam todos como se fossem muitos, mas não eram. Eram só três os que caminhavam juntos. Cumpriam uma promessa antiga, mas não se sabiam as verdadeiras intenções do prometido.
Apesar de ser já meio-dia, tinham ainda tempo para que a promessa se cumprisse. Entraram por uma rua funda e sem nome. Procuraram a tabuleta mas não a encontraram. Só um grafiti desenhado num dos muros. Era simplesmente um dedo a apontar para parte nenhuma. Olhavam-no pela esquerda e o dedo apontava para a direita. Olhavam-no pela direita e o dedo apontava para a esquerda.
Encostavam-se à parede e o mesmo dedo apontava em frente. Olhavam-no de frente, mas o dedo indicava-lhes que teriam que furar o muro e ir numa autêntica aventura. Olharam-se nos olhos a procurar respostas. Ninguém conseguia decifrar aquele enigma, bem no coração da cidade.
Eis que chega outro grupo silencioso. Olharam o grafiti de ambos os lados, e logo decidiram o que fazer. Foram buscar um balde de tinta preta, com a qual pintaram toda a zona do grafiti. Desenharam de novo o dedo a apontar em frente. Foi por ali que seguiram. O primeiro grupo não vai de modas, segui-os em silêncio. Estão agora todos juntos. Passaram a primeira rotunda. Encontram-se agora numa rua sem saída. Ao fundo, o rosto do grafiti dono da mão que eles limparam, ia cobrar-lhes outra promessa.
Estavam então num labirinto de sentidos. Sentiam-se todos juntos, mas não estavam todos juntos. Iria começar a desordem, quando definissem novos sentidos obrigatórios.
Dakini
Maria Al-Mar
Enquanto Mulher
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