Algum tempo, uma noite Apenas, que me liberte Dos demos, dos terrores, Das torturas, e me afoite Até à manhã fria, inerte, Aos raios madrugadores Do sol, quente, que me açoite a tez e, nela, se oferte a sudação dos amores.
Uma noite só, dormida, De acalmias insonoras… No olhar vago, vagabundo, Cada imagem vivida, Do bater, tic-tac, das horas. No éter, fora do mundo, onde buscam a jazida final, almas pecadoras, gemidos, de esgar imundo.
Uma noite longa, vã, De libidos e desejos, Sem sonhos nem ilusões… Nada, nada, nem manhã abalada por realejos, poemas, odes, canções… só a noite por irmã, de preguiça, de bocejos, sem guerras, bons ou vilões…
Só uma noite, sem penas, (Que não sejam travesseiros), Ódios vis, malquerenças, Pazes falsas, rir de Atenas, Embriaguez de guerreiros, Deuses, musas, mesmo crenças, Esta só noite apenas, Por favor, arruaceiros De hoje, quero diferença.