Nas florestas da vida
voam aves de rapina
usurpadoras da serenidade
que batem as asas soltando penas,
penas negras com a acutilância de garras
que perfuram, imbuídas de ímpios sentimentos
corpos delicados da sensibilidade…
são aves que voam com o sorriso da hipocrisia
e se escondem nas brumas da realidade!
Dizem-se gaivotas de asas brancas
de alma generosa e compreensiva,
mas chafurdam nas pocilgas da mentira,
batem asas e fogem, se sopradas pelo vento
do mar perfumado de maresia da franqueza!
E as florestas que nos oferecem escolhas
de atalhos e caminhos floridos pelo sol,
leva-nos a receber a amizade de braços abertos
e fazer da sinceridade a difícil e longa ponte
que nos deve unir a todos como seres humanos,
embora por vezes discordantes…
pois a razão não é pertença de ninguém
mas a dignidade sim, que é dever de todos.
José Carlos Moutinho