O espírito que em mim habita não é alma do outro mundo, nem espírito desencarnado de outras vidas. Ele foi se construindo de pedacinhos de mim, cacos de vidro quebrado dos meus desenganos. Eu conheci o amor inteiro. Eu conheci a amizade inteira. Eu conheci a felicidade inteira. A vida quem foi quebrando, pedacinho por pedacinho, por muito tempo. Ah, o tempo! Se não fosse ele nem sei o que seria de mim (ou desse espírito intruso). Esse tempo levado, que me viu tantas vezes chorar, decidiu por conta própria a colar os meus detritos. Usou uma cola especial (que mistura amor e fé) chamada esperança. Hoje esse espírito me eleva, me usa, me escreve, me canta... um canto que me refaz todos os dias. Sem espírito não há movimento, não há sonho, não há vida. O espírito que habita em mim, hoje não chora mais, das lágrimas se fez poesia.
Gilquele Gomes de Araújo
Iguatu/Ceará/Brasil
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