Tiro dos pés a poeira do tempo,
E da cabeça alegrias que invento.
Tiro dos ombros o peso da idade,
E do coração os amores de vaidade.
Vou esculpindo estátuas de mim,
Pra nunca esquecer do homem que fui.
Vou desenhando meu rosto em carmim,
Com o sangue que a lágrima dilui.
E nesse dramático espetáculo
Que flerta com o estilo patético,
Vou derramando versos herméticos,
E lanço meus sonhos no vácuo.