Rumo, alheio, à costa transpondo a falésia Numa ofegante escalada solitária e enxergo O mar que saúda rugindo a sua eterna dor De encarcerado pelas altivas montanhas. Como louco, se arremete na vã esperança De se libertar desta cela verde sufocante.
Desço, perigosamente, as veredas sinuosas E junto à sua orla irregular, toco-lhe suave Com minha mão trémula de frio e medo. Rogo-lhe que se aquiete. E o mar se esvai Em gotículas lacrimosas e doridas de sal Que me envolvem em nevoeiro condenado.
Sussurro ao mar, que se evapore no éter E leve a essência de meu toque na chuva Até longínquas paragens do sul e se liberte. Quem poderá dizer que uma pequena gota Caia de mansinho nos lábios de minha amada E a beije, com amor, na ternura de mim?