E agora...
que te foste
fugindo pra longe de mim
onde todo o longe
é longe demais pra voltar
Não mais buscarei aquela
rima misteriosa
onde sei te libertavas
repleta de beijos tão evidentes em mim
E agora…
que o sol fugiu
da realidade espelhada
em nossos seres
pernoita-me em horas
de solidão tecidas
pela vidas constantemente
em festa enobrecida
E agora...
Existes tu apenas
em meu poema quase apátrida
Sê meu mundo original
mas sem pecados
Humaniza-te com verdades
supridas em cada gesto
irrigado de amor e cantos
eximidos na doçura de um olhar
E agora...
cobre-me apetecida
num manto de abraços
outrora desencontrados
Tranquiliza-me a fome
que te tenho e alimenta
Perscruta cada tatuagem
que chora e amanhece no fio da vida
Revigora
nossos seres enlouquecidos
intimados a existir mais fortalecidos
lentamente reverentes entre
as brumas que sossegam nossas
sombras vagabundas
cingidas de conivências e conspirações
até aliviares minhas emoções
linguísticas
errando pelo mundo semântico
exprimindo-se dolorosa
no leito mortuário
onde te perdi desse jeito
assim enlutado-me na solene
leveza da noite
que carrego infinitamente em mim
sem rumo nem imaginário
porque me perdi distraído
arrumando agora o Outono
e os dias de eternidade
guardados num cenário de tempo
sem encontrar mais teu itinerário
…então…e agora?
FC