Resumo do Nada
Lábios de Mel,
são agora fel,
e doce de mosto,
fica o desgosto,
deste pobre bobo
armado em lobo,
do que eu não sou...
Nem sei por que vou
à morte de Amor
mera existência,
abrindo falência,
perdido de mim,
sem plausível fim,
quadro de aguarela,
em rasgada tela,
quais cartas de amor,
sem tinta ou cor,
e de amar paixão...
Pobre coração,
da doce amante,
escrava da dor,
do triste tratante,
traste sem valor,
viciado em ti,
dó, ré, fá, sol, si,
das noites a sós,
perimplim-pim e pós,
de palavras-imagens,
negras tatuagens,
de um mau porquê,
de quem não vê,
a queda da chuva,
frio, mão sem luva.
fuga, rendição, fuga,
fuga, só fuga, fuga dó,
fuga da maldição,
Se... se... se... se... se...
merda ou se ou que!
pois, pois, adeuses,
que se danem os deuses,
melodias, bailados,
eternas, danados,
trama-te poeta,
deixa-te de treta,
chora-te a tarde,
lume que não arde,
sextilha exortada,
mente abortada,
estrelas cadentes,
rimas dementes,
fados, nossas vidas,
rimas perdidas...
Aos heróis, quixotes
empaturrem de motes...
se restar saudade,
não, não é verdade!
Poet@ sem Alm@
João Loureiro
Lisboa, 30/07/2015.
Do que escrevi, nada resta; é cinza amorfa em mar de sal.