Belos são os frutos da vide plantada ao acaso em solo fértil de meu coração rasgado pela enxada ferina da vida. Doce é o mosto que escorre viscoso do olhar da amante que me inebria e tolda a razão e me cerca de desejos de amar!
Feroz será a paixão dum beijo fluindo vapores de lirismos e de poéticas leviandades etilizadas de sexo consumado. Ah, vinho generoso de amor que brotas dos poros tacteados de minha volúpia de ti, amada, e me embriagas lenta e suavemente...
És o meu vício, a tentação desejada, a minha perdição eterna, a demência... Se te invoco, o pensamento se eleva e, delirante, suplico teu corpo - vaso. Trémulo, afasto a abstinência forçada, quebrando as correntes e elos da sensatez, e os meus sentidos te absorvem sequiosos regateando, entre si, a generosa dádiva.
Desse cacho multicolor de teus sabores te esmago frenético, sádico, egoísta, e provoco a dor, te extraindo mil sucos, esvaziando-te totalmente de ti mesma. Mas se te afastas, te perdes em ilusão do meu espírito alterado de emoções, a ressaca sobrevém dolorosa e culpada, pelo desejo renovado de mais embriaguez!