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Ressaca de Amor

 
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Ressaca de Amor

Belos são os frutos da vide plantada
ao acaso em solo fértil de meu coração
rasgado pela enxada ferina da vida.
Doce é o mosto que escorre viscoso
do olhar da amante que me inebria e tolda
a razão e me cerca de desejos de amar!

Feroz será a paixão dum beijo fluindo
vapores de lirismos e de poéticas
leviandades etilizadas de sexo consumado.
Ah, vinho generoso de amor que brotas
dos poros tacteados de minha volúpia de ti,
amada, e me embriagas lenta e suavemente...

És o meu vício, a tentação desejada,
a minha perdição eterna, a demência...
Se te invoco, o pensamento se eleva
e, delirante, suplico teu corpo - vaso.
Trémulo, afasto a abstinência forçada,
quebrando as correntes e elos da sensatez,
e os meus sentidos te absorvem sequiosos
regateando, entre si, a generosa dádiva.

Desse cacho multicolor de teus sabores
te esmago frenético, sádico, egoísta,
e provoco a dor, te extraindo mil sucos,
esvaziando-te totalmente de ti mesma.
Mas se te afastas, te perdes em ilusão
do meu espírito alterado de emoções,
a ressaca sobrevém dolorosa e culpada,
pelo desejo renovado de mais embriaguez!


Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Lisboa, 30/07/2015.
 
Autor
Poeta.sem.Alma
 
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