Minha alma ferida padece tormentos, Às garras duma melancólica solidão, No abandono da utopia das paixões, Meu catre ornamentado de pesadelos. Minha mente sangra de ferimentos Infligidos nos combates da traição, No abismo profundo das ilusões; Pobres desvarios. Quem irá querê-los?
Meu coração, solitário, fenece de amores, Náufragos em muitos mares de tortura, Preso ao encanto de jardins e de flores, Miragem dos desertos da desventura. Meu corpo contorce-se em mil dores, Castigado pelo passado de aventura, Ornamentado de farrapos multicolores; Pobres despojos. Quem os procura?
Pobre poetisa, buscas sem destino certo, Voando célere no éter azul matizado, E mergulhando em mar gélido e hostil Quem definha em solos de areia quente. Que promessas ousas doar, ao incerto Destino cruel, por teu poeta amado? Tua prata, teu ouro, teu corpo febril Tua alma? Resgate por um descrente?
Louca musa, amante de eterno desgosto, Foge deste perigoso paraíso mistificado De felicidades temporãs e de embriaguez Das guerras e das vãs glórias de outrora! Não há nem mel nem mosto em Agosto, Os licores tornaram-se fluido avinagrado da poesia; são as grilhetas da malvadez que te envolvem e te maldizem, sedutora!