Assim assado,
assim passado,
talvez amado,
quiçá calado,
terminar parado
olhar exilado
sopro exalado
carinho esperado
tempo passando
vagão derradeiro
sem mais estação
tão fraco coração
o clima tão árido
julho no cerrado
murmúrio de cachoeira
vendo poente na soleira
tudo tão pesado
dói artrose d´joelho
ah, fardo da idade
saudade da mocidade
da terra arado
saudade do milharal
pamonha, curau,
mas tudo é passado
no velho asilo
de volta ao casulo
a espera da metamorfose
pra liberar a borboleta-espírito.
AjAraujo, escrito em 30 de julho de 2015, após uma visita ao bem cuidado e acolhedor Lar do Idoso, em Goianésia, Goiás.
Fotografia - Goianésia, Goiás.