Regresso deste meu sonho, meu paraíso desconhecido, onde, na relva húmida, do orvalho da madrugada, caminho nu e descalço no jardim silvestre.
Regresso desse teu sonho, e reencontro a solidão, e, no chão chão bravio, caminho vestido e descalço, em lama de ingremes veredas, que me tolhem de cansaço.
Regresso do nosso sonho, por traição da mente insana, ao meu coração desvalido. Acordo no ressalto da vida, negando-me a mais felicidade. E o meu ser estremece frio!
Regresso ao mundo dos mortos, que caminham vivos sem alma, donde desejo breve evasão. Regresso ao passado da intriga, ao medo paralítico do ódio, mas meu olhar se perde no vazio.
Caminho como sombra de mim, de olhar cravado na vergonha e na imensidão da imundície. Espero a noite fatal de sono para que eu desafie a vida traindo, sonhar o destino de ti.
Regresso, na noite, ao sonho… Ah, como meu coração é ansioso desse teu sorriso de amante! Regresso, feliz, ao teu corpo, onde me refugio, amando-te, e abandono o meu corpo à morte!