Recordo, meu amor, meu doce carinho, a longa caminhada junta à praia que nos envolveu nos braços um do outro, que nos ofertou o beijo mútuo e nos lançou o olhar perdido no ´mar sem fim.
Fechei os meus olhos - cada carícia tua, cada beijo, foram a ebulição das emoções, o firmar do sentimento de te amar - e tive o desejo imenso de ser alado e levar-te para além desse horizonte, poisando numa qualquer ilha isolada, desnudar-nos e retomar todas as carícias, beijos e amar-te docemente, penetrando o teu corpo e espicaçar-te os sentidos de prazer.
Ah! Se desejei que o mundo parasse, que nada nos arrancasse malévolo dos braços um do outro e, de mãos dadas, tagarelássemos deitados, ou andássemos ao longa da orla de areia ou, ainda, que mergulhássemos na água de azul cristalino.
Mas, infelizmente, abri os olhos, olhei os teus e, deles, vi uma lágrima de saudade e de dor porque teríamos de regressar, muito em breve, às nossas masmorras quotidianas onde, a cada momento de separação, morremos.
E, se ontem já era um tormento, hoje, é a tortura cruel de nem a tua voz poder ouvir. Amanhã? Amanhã, lá estarei, esperando-te para outro momento de redenção breve e uma nova separação.
Até um dia, minha doce Lírio, o dia da independência da nossa ilha. Beijo-te com saudade.