Ah! Meu amor, como foi divino ter-te em meus braços, beijar-te os olhos, a face, os cabelos e os teus lábios carnudos, de um natural vermelho vivo.
E os sussurros que me ciciaste no ouvido quando os meus lábios te tocavam na face foram e são promessas de terna cumplicidade do querer amar sem temores, numa entrega total de nós dois, seres que buscamos a fuga à solidão que nos cerca.
Tempo a tempo, espaço a espaço, cercados pela natureza em redor; os pássaros nos seus ritmados trinados, o vento, quase brisa, rodopiando-nos, fazendo-nos juntar mais os corpos que tacteámos sem pudor.
Sós, nesse espaço onde erigimos o nosso paraíso privado, esquecemo-nos do dia e abrigamo-nos na noite. Poucas palavras dissemos, à excepção das sussurradas e libertámos os sentidos prisioneiros de nós para que celebrassem a veleidade de se quererem.
E, noite adiantada, entre despedidas e dos meus beijos ciosos dos teus, ou vice-versa, fomos adiando a partida, dilatando a dor da separação.
Mas jurámos que jamais esta separação será mais que física. Celebrámos a cerimónia matrimonial das nossas almas.
Um beijo mais, meu amor querido, amanhã te esperarei com a ansiedade crescente de te ver ao longe chegando afogueada.