Que ilusões me cegam no abraço do abismo e me lançam na vertigem dum desesperado adeus? Que ilusões me submergem os sonhos e os sonos febris de escrevinhador insensato e me idealizam pesadelos?
São pacíficos os mares? São tranquilas as tempestades? Ilusões de absurdo sonhador...
Nem a poesia é serena bastante Que me possa sustentar o ego nem pacificar o imperfeito ser que se perde em lutas ousadas na busca dos amores perenes!
Ilusões!
Por que são as flores perecíveis e os seus aromas tão voláteis? Por que o sol abrasador e tenaz se rende á lua vestida de trevas permutando-se de ouro em prata, de luz difusa pela noite diáfana?
E os sons do medo que me tresandam em sucessivas ondas de arrepios, tão gélidos, tão acutiladores, demolindo o meu corpo em emoções, em volúpias, em orgias dos sentidos, que o esvaziam de vida e de vontade?
Ilusões!
Por que ilusões navego eu, louco, quando cerro meus olhos e te revejo bela e sensual, distante e fria, insensível ao meu apelo de amor?
Ilusões que apenas teu corpo afagam, que teus curvos lábios negam cruéis, que teus olhos desdenham eternamente, que teus braços afastam sem piedade?
Meras ilusões... Que nos ferem e matam a alma Mais ferinas que acerados punhais!