O que preciso lapidar
eu sei
são pedras guardadas
brutas
lavradas atapetando
o corrimão do tempo
por onde deambulo pigmentando
os dias transladados de esperança
– Simplesmente outros virão
formoseando minha existência
desenhando em cada folha furtiva
decalcada na perenidade da vida
a partilha de nossas essências
coligadas assim
de forma revelada
tão serena, embargada
apelativa e sempre inconformada
– Noutro tempo
dividido em rimas instintivas
retribuirei cada palavra cheia de lamentos
num segundo quase dissimulado
percorrendo cada dócil meu intento
latente
esfomeado pela textura comediante
onde me reencontro
em recolhimento…apócrifo
mascarado por tantos equívocos
bargantes
empalidecidos pelas gargalhadas
travestidas na origem dos silêncios
transitórios, exuberantes
alimentando com artificio nossas vulnerabilidades
assim mais redundantes
– Há tantos dias que me busco
e encontro
somente sonhos empoeirados
meticulosamente endereçados
na imprevisibilidade do tempo
personificando cada roteiro do amor
onde a todos os instantes
matreiros e velados traficámos
ódios,
abraços
clandestinidades
até desaparecermos intrometidos
nesta vida passageira
repleta de tanta insanidade
– Aqui ficarei em acuidade
onde me rogo em perdões
cada dia
embebedando-me na tua sustentabilidade
por desatino já sem remédio
aonde até inócua é a liberdade
inscrevendo todas as amabilidades
em sedimentos de cumplicidade
num pouco de racionalidade
acossada na linearidade
do teu sorriso fantástico onde jaz
meu poema em ressacas de criatividade
FC