Dissolvo no teu abraço
Como uma ínfima gota de nada
num vasto oceano de infinidade
[Your scent remembers me of
almost perfect and forgotten days]
Dizes-me que nunca foste mais tu mesmo
Do que o quanto és tu mesmo comigo
Que todas as tuas doces palavras
Eram tanto mais doces porque deveras
Querias nada que não a mim encantar
E tão pouco foi tempo que me pergunto
Se não te conheço senão há uns dois
- ou duzentos - anos
Mas são só poucos meses
Duma vida em que da própria vida
a mim me privei
[Ou do que quer que lá fora chamem vida]
Privei-me do todo e escondi-me nos detalhes
Nos cantos da tua boca que me sorri
E da valsa que dança em par com os olhos
Dum castanho onde bate a luz como
lustre num espelho
Escondi-me do mundo nos detalhes
do teu corpo
Nas curvas da tua pele morena que, morna,
No contato com minhas mãos gélidas,
Produz senão espécie de choque que
ainda mais nos junta
E a luz do sol que contra teu tórax
nu - transforma-o em paraíso
[sweet clouds to lay on]
Lá fora, o mundo é uma cadeia
De incessantes aconteceres e de
dias sem termo
A tarde vira noite e nosso tempo
vai-se esgotando
O sol ilumina a estrada que dá em
todas as cidades do mundo
Eu sinto tuas mãos quentes e, por abrupto,
já não preciso de sol nem de mundo
Preciso só dum lugar calmo e duma
dose de horas
Preciso d'algumas palavras e do
teu corpo - onde deito e me isento de dor
Onde me consertas e me preparas
Onde me acomete o sono despretensioso
Adeus, ansiedades; adeus, odioso tédio
Conduzo minhas mãos através de ti
Como se deve conduzir barcos em meio à maré
E deixo que me atravesse, a inocência
O tempo passa e já não me diz respeito quase nada
Que não a necessidade de a ti
conquistar em inteiro
E ao teu amor, e à tua atenção
Até que o fortuito ouse separar-nos.