De sol e água são
Encontros pela estrada
Queimados braços estão
E mãos em concha e nada
Sem fogo não há fumo
Luz que é ou que já foi
De tardes que hoje arrumo
Num canto onde não dói
Oiço a chuva cantar
Trauteando na madeira
E as flores estão a chorar
Sem graça à tua beira
Deitada num relvado
Beleza que estás morta
Despertas-me, ensonado
Escancaras minha porta
Mas não para o amor
Sei que sou confidente
Com tiques de pastor
Da carne dissidente
A água é para a ressaca
O sol é para quem quer
E a morte macaca
Não se faz entender
Vasos comunicantes
De uma estrela são raios
Quando as almas bacantes
Vivenciam desmaios
Que só ondas conhecem
Chegando e partindo
As manhãs acontecem
Neste meu tempo findo