Diz-se em forma de ditado popular que “a esperança é a última que morre”, no entanto, está cada vez mais difícil de acreditar e de ter esperança que o nosso país tenha uma solução para todas as coisas erradas que acontecem por aqui.
Ao sentarmos diante da televisão para vermos um noticiário, ao lermos um jornal ou uma revista, ao final dessas tarefas simples e cotidianas, a sensação que sentimos é de enjoo, de náusea, de profunda decepção para com os destinos do país geridos por nossos gestores atuais, causando-nos uma descrença imensa e constatando uma curva descendente na parábola de moralidade e de confiança nas instituições de nosso querido Brasil.
A malversação do dinheiro público, por meio de atos e fatos administrativos praticados com cavalares doses de corrupção, seja por meio do agente público ativo ou passivo, seja pela concussão, seja pela falta de vergonha na cara, culminada e garantida pela impunidade, se constitui na novela preferida difundida em todos os meios de comunicação em todos os horários.
Vemos ainda notícias: de brasileiros e de brasileiras morrendo em filas de hospitais, à míngua; de brasileiros e de brasileiras estudando em condições lastimáveis; de brasileiros e de brasileiras se deslocando nas grandes cidades do país feito sardinha em lata, pois, o transporte público é caótico, afinal gestor público não anda de ônibus ou de trem; de brasileiros e de brasileiras sendo assaltados e às vezes assassinados por bandidos, seja no seu ir e vir ou o que é pior, em sua própria casa; sem que haja uma ação de contra ataque efetivo do Estado com o intuito de coibir e de prender esses desocupados e malfeitores.
Sobram-nos alguns questionamentos: onde andam os “maestros” e “regentes” desse Concerto chamado Brasil? Em tese quem seriam esses “maestros”? Será o que sentem esses “maestros” quando veem os fatos narrados no parágrafo acima do presente artigo? E nós músicos (povo) dessa orquestra chamada “Brasil” o que estamos fazendo para mudar esse quadro?
Comecemos, pois, pelos poderes instituídos e constituídos de nossa República Federativa:
Legislativo – missão precípua: legislar em causa do povo, e o que vemos? Um verdadeiro antro de homens e mulheres que se misturam e se lambuzam com uma lama fétida chamada CORRUPÇÃO e uma defesa veemente de interesses voltados para eles próprios, onde consomem orçamentos bilionários para não fazerem nada, ou melhor, legislarem em causa própria;
Executivo – missão constitucional: administrar os bens, patrimônios e dinheiros públicos, no entanto, constituem-se numa horda de homens e de mulheres especializados em assaltar os cofres públicos, com objetivos claros de se locupletarem, de enriquecerem ao término de seus mandatos, transformando, pois, o nosso Brasil em lídimo valhacouto de marginais de toda espécie.
Judiciário – missão: mediar, arbitrar e julgar os conflitos e confusões judiciais, no entanto o que presenciamos? Um verdadeiro emaranhado de leis e mais leis que perpetuam recursos e mais recursos que contribuem muita das vezes em desestímulo para o cidadão, que culminam com a morosidade conhecida do Judiciário, sem contar com a triste e conhecida blindagem, característica desse Poder, além de doses altíssimas de corrupção.
Com relação aos nossos “maestros” eleitos por nós mesmos: estão por aí, se esgueirando no “não sabia”, no “não vi”, “já recebi o relatório pronto”, enfim, se tornando doutores em camuflagem, em dissimulação, em enganação, e protagonizando cada vez mais e mais filmes ultrajantes, lastimáveis, desprovidos de mínima dose moral, de respeito a essas que seriam autoridades, onde, não consigo visualizar como seria a imagem desses bandidos travestidos de políticos, de administradores públicos dormindo, por exemplo, sendo responsabilizados cotidianamente por mazelas e infortúnios do povo brasileiro, além de uma escassez assombrosa de líderes e de pessoas com índole para exercerem cargos de gestão dos recursos públicos.
E o que falar dos músicos dessa Grande Orquestra? Nós, o povo, estamos encurralados, espremidos e oprimidos pelo grande sistema reinante, no entanto, nós só temos uma única saída, fazer valer o poder que temos insculpido em nossa Carta Social nos Artigos 14 e 61, regulamentado pela Lei 9709/98, chamado de “voto”, e numa escala mais acentuada de exercício de poder temos o “Projeto de Lei de Iniciativa Popular” que tem como exemplo recente: a Lei da Ficha Limpa.
Finalizando, pois, temos sim um fio de esperança, o uso desse Instrumento Constitucional só depende de uma mudança radical de “ATITUDE”, onde paremos de reclamar: que temos maus políticos, mas não agimos para extirpá-los; que temos cidades sujas, mas não paramos de jogar lixo na rua, de fora dos carros; que temos uma educação péssima, mas na hora de comparecer à reunião de Pais e Mestres, arrumamos as desculpas mais variadas possíveis. Enfim, enquanto não nos conscientizarmos de que temos que mudar, o nosso futuro estará sempre comprometido com o nosso presente, pois, a mesmice gera essa resiliência acochambrada e viciada, gera um gráfico de uma função constante e, melancolicamente vamos continuar presenciando e assistindo sempre ao mesmo Concerto: horrendo, triste e desafinado, chamado Brasil.
Escrevi este artigo originalmente no ano passado antes do pleito eleitoral, mas, hoje, quase um ano depois vejo que o cenário é o mesmo: desesperador, triste, patético e de horizonte sombrio.
originalmente escrevi este artigo na data acima, mais de uno depois, em função dos últimos acontecimentos, tristes, horrendos, percebo que nada mudou, perdão mudou sim, talvez o modo operador das falcatruas, triste, para o nosso país, vermos o nosso maestro ou maestra, cada vez mais perdida, combalida e no centro da rosa dos ventos, ou seja, na sabe a direção que seguir, hum! Talvez até saiba, a direção do pernicioso, do ludibriante, do engodo. Lamentável meu querido e amado Brasil.