Até ontem eu sei que me perdi
e se por ventura depois tu
me encontrares
deixa somente que a formosura do
dia me reconheça
no culto de tantas ilusões
e juntas recriem teus traços
de elegância mais delicada
e depois caminhem
calmamente redigidas em poesias
trajadas de passividade
Plácidamente te encontro
no constante céu onde adormeço
tuas tempestades cicatrizadas
num poema que se ateia a ti
tão pulsante
esquecidos nós pelas noites
incendiárias
prolongando-se minhas desculpas infindas
oriundas deste tempo algoz
que quase me mata de suplicas
tão embriagadas e incorrigíveis
Vai…encontra-me se puderes
impede-me de fugir para onde não quero
regurgita-me as palavras que outrora
nunca te disse
Afirma-te em mim
assim tão simplesmente
como se a adição dos nossos abraços
nunca mais se dividisse em prantos
que subtraímos no tempo
Rima tuas dores como aqueles perfumes
onde ardo em teus desejos
quase compulsivamente
E se chorares
chora baixinho para que meus
silêncios te ouçam
enlaçados às palavras
tontas e fiéis
que madrugam sôfregas
reflectindo nossos seres vagueando
neste tempo tão desbotado
onde fincamos a fé a fundo
como esperança ainda mais audaz
em subtis pontinhos de luz
deglutidos numa miragem
onde finalmente existimos
apaixonadamente festejamos
inesperadamente acontecemos
FC