Não sejas areia que me fustiga, cega e enlouquece neste deserto da vida gasta em muitos nadas, ou vãs glórias de um momento Não sejas esse imenso deserto de silêncio eterno que me destrói, me sufoca de dor e me inebria de raiva incontida contra nós. Não me abandones à rapinagem dos pesadelos que me acometem de terrores nocturnos nascidos de ódios e guerras donde emergi.
Sê o meu oásis frondoso, sombra que me protege e me oferta, doce, o néctar de teu corpo desejado, na volúpia do amor em dualidade. Sê, nesse oásis, a fonte de água refrescante onde a minha febre louca e destruidora seja vencida e a vontade de viver rejuvenesça.
Sê, com tua voz melodiosa, serena, o canto que extasia, eternamente, a minha alma perdida do paraíso, em poemas do amor verdadeiro. Sê a presença das cores naturais, dos astros do céu em harmonia, para que meu olhar jamais ouse, do teu, penetrante, se evadir.
Sê vulcão de todos os desejos puros, expelindo dardos ardentes de paixão! Sê mar… imenso, onde eu navegue sem temor, para te cortejar e amar. Mas jamais sejas o silêncio feroz que me fere os sentidos, me amordaça a boca seca e me entorpece as mãos negando-lhes clamar meu amor por ti.