Meus lábios cerram-se de raiva, minha boca seca-se de desprezo, quebro meu coração em mil pedaços, doo-o de carniça às feras da noite da densa bruma de dores e pesadelos.
A alma lanço-a aos vermos do ódio perpetuada pelas chamas da negação, torturo meu corpo de senilidade, e a mente de loucura galopante em mares furiosos de paixões findas.
Nunca te direi que, na primavera, te revisto de flores silvestres em telas virgens de puro linho, nem aguarelas que esboço, febril, do teu corpo sensual e inebriante.
Jamais lerei os poemas em rascunho que meu ser dita à pena empunhada, revelando o epicismo do nosso amor. Tenho frio... Lanço todas as folhas e esboços ao fogo da purificação.
Jamais verei teu rosto e o sorriso de teus lábios porque cego de dor em cada lágrima corrosiva de saudade. Nunca direi quanto bela és e vazia de emoções que, eu poeta, te peço.
Nunca direi que te amo eternamente, nem o tempo que os lírios se vestem de cor, porque sobre mim desce negro o manto matizado de rubro orgulho errante. Não, nunca te direi que morro sem ti.