Meu pai tinha um chapéu de camponês
e sempre um fardo nos ombros.
Quando se perdia em meio ao milharal
era seu melodioso assovio que
indicava onde ele fazia a ceifa.
Nesses dias, as trilhas se forravam
de palha seca e rente à plantação
os negros voos assustados dos Anus
quando o pai os enxotava com chapéu na mão.
De tanto debulhar espigas, as mãos
do pai se ressentiam calosas
mas seu olhar segurava o dourado
da colheita e gargalhada vinha junto
com a voz forte.
A parede ostentando verde
primaveril da atualidade destacou
a fotografia com antiga cor de palha dourada.
Foi como ler um jornal
amarelecido narrando a vida
daquele homem querido que amava
com a mesma energia com que
trabalhava.
A citação não é minha